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  • Foto do escritorOscar Freitas Jr.

Em tempos de crise, nos reinventamos.


Esse texto é temporal. Ele está marcado dentro de uma data específica que estamos vivendo: A pandemia da COVID-19. Onde estamos restritos às nossas casas. Essa condição cria, ou melhor, reforça uma cultura que tem circulado muito e tem crescido significativamente: o Homebrew. Se pararmos para pensar, nunca fomos tão homebrewers como hoje. Sim, pela nossa condição atual, mas também pela oportunidade de fazermos algo que fique restrito em casa e que nos dê prazer em realizar: Fazer cerveja em casa.


Aleswives


A origem desse termo está intrinsecamente ligada a cultura das origens da cerveja. Ela remonta a ideia de que cerveja é um alimento e portanto era feito assim como qualquer outro dentro de casa.


Se lembrarmos das AlesWives (esposas cervejeiras) que tinham a função de produzir e manter os estoques de sua casa abastecidos, teremos as primeiras homebrewers da idade moderna. Elas são as precursoras das Ales Houses, que começaram a se chamar de Public Houses ou PUBs, que disponibilizavam além de boa cerveja, também comida e eventualmente acomodação para passar a noite.


Mais tarde, já na primeira metade do século XX, os EUA enfrentavam sua crise com o álcool. Em 16 de maio de 1919 foi criado a Lei Seca, no qual se proibia a fabricação, importação, exportação, comercialização de bebidas alcóolicas no território americano.


O interessante é que essa lei já vinha sendo “maturada” por entidades anti-álcool, como a “Liga Anti-Saloon”, “União das Mulheres Cristãs pela Temperança”. Enfim, uma variedade de grupos ligados a igrejas protestantes que se muniam de bíblias de baixo do braço e invadiam pubs e casas que comercializavam bebidas.


Nesse período da lei, várias cervejarias fecharam, mas outras tantas criaram uma “solução caseira”. Essas, começaram a produzir extratos e xaropes de malte, supostamente para cozinhar, mas seu verdadeiro uso era óbvio: fazer Cerveja em casa. Nesse processo surgiram várias lojas vendendo malte e lúpulo. Até os grandes mercados exibiam em suas vitrines latas de xarope de malte. Para se ter uma ideia desse impacto, até hoje, na grande parte das receitas americanas de cerveja vai extrato de malte.

Essa nova onda, desrespeitando flagrantemente a Lei Seca, criou um novo modo de vida cervejeira nos EUA: o Homebrewers. Cervejeiros Caseiros ou na linguagem popular “produzido em casa”. Surgiam aí o Homebrew contemporâneo. Esse modo foi a gênesis da Revolução Cervejeira Americana que surgiu no final da década de 70 do século XX.


O Homebrew chega ao Brasil


No Brasil, esse movimento surgiu com maior vigor no final da primeira década do século XXI contribuindo significativamente para uma transformação de costumes gastronômicos que buscam novas experiências sensoriais. A cultura Homebrew criou diversos espaços e entidades que vieram ao encontro da cultura cervejeira, Acervas se espalharam em todo o Brasil difundindo cursos, encontros, troca de informações e, assim, criando um ambiente cervejeiro caseiro propício para o nosso meio cultural.

Cada vez mais se criaram espaços dentro das casas para produção cervejeira, remontando épocas antigas, com novas tecnologias, claro, mas mantendo a cultura cervejeira nos lares.

Essa cultura está se fortalecendo ainda mais nos dias de hoje. E não só na produção. Diversos ambientes têm sido criados on-line e de forma gratuita para que o cervejeiro se especialize, melhore seus processos cervejeiros. Somando-se a isso a disponibilização de materiais em pdf para que o cervejeiro caseiro possa ter acesso aos mais diversos textos para enriquecer ainda mais sua educação cervejeira.



Texto e foto: Oscar Freitas Jr.

Sommelier e Mestre em Estilos

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